segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A peleja de Diana e suas rimas

Ainda moça, a gozação era tamanha.
Na alfabetização, a alegria era rimar com Diana.

Mesmo crescida, se tornando uma moça vistosa
Nem pedreiro arriscava um “gostosa”.
No povoado encrespado entre montanhas
Todas as rimas terminavam com “anas”.

Era mercearia com nome de Suzana.
Era o bar da Sebastiana.
Mas entre tanta “ana”,
Quem fazia sucesso mesmo era a Casa da Mãe Joana.

E ela, a Diana,
Quando muito, saia da cama.
Quando pouco nem comia.
Tão magrela, que de lado, mal se via.

É de se espantar, o povo faz e nem percebe,
por conta de gozação, de perseguição.
Um nome bonito, uma moça alegre
Resolveu fazer pacto... logo com o cão!


Belzebú gozador por natureza,
como era de se esperar.
Antes de aceitar o acordo, fez a fineza
de não perder a chance de rimar.

“Diana pele de escama.
Diana sobe a montanha.
Diana que não se ama.
Diana que assovia e chupa cana.
Diana não saia de casa com pijama.
Diana, senta e abre a sua...”

Diana moça de família e educada.
Agüentou o carrancudo calada.
O que é um peido pra quem já tá cagada?

Mas o capeta tinha mente rasa,
mesmo com muitos publicitários no inferno.
A criatividade era escassa.

Terminando as rimas, da sua voz quis fazer mais uso.
Perguntou pra Diana
Porque uma atitude tão estranha.
Já que só o procuravam como último recurso.


Diana com voz trêmula se lembrou do dia no cartório
Lembrou do que disse seu velho pai, o senhor Onório.

“Filha minha não se chama Marieta
Porque rima com...
E nem vai se chamar Catarina
Também tenho medo dessa rima.
Até que Maria não cai mal
Mas receio que rimem com certo animal.
Poderia ser socorro,
Mas rima com coisa que dá nojo.

Tá decidido! Tua graça vai ser mesmo Diana
Que só tem rima inocente.
E deixo o primeiro filho da puta de cama,
que inventar um apelido indecente.”

“Por isso tô aqui seu capeta,
Pra usar um tantinho do seu poder.
Queria lhe pedir uma gentileza,
que só o senhor pode fazer.

O senhor pode estranhar o pedido
até parece sem noção.
Não quero desrespeitar meu pai falecido.
Mas quero me livrar da maldição.

Imagina o senhor como seria
Os capetinhas rimando belze-bú
todo santo dia.”

Satanás esbravejou, por conta dos dias santos.
Mas se comoveu com a sina da coitada,
durante todos esses anos.

O maldito atendeu seu pedido
Sem cobrar tua alma por isso.

Hoje quem era Diana, por ironia do destino.
Não precisa mais se agachar pra mijar.
Virou um moço vistoso que se chama Murilo.
Que é muito mais difícil de rimar!

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